Canto I - Versos 233-253

É a primeira cena de batalha do poema, com imagens muito bonitas e tétricas (a amazona que perde a vida e seus intestinos ficam expostos; a alma que deixa o corpo e se junta aos ventos). Pentesileia mata um guerreiro importante aqui: Podarces, o segundo em comando entre os Fílaces depois da morte de Protesilau. É interessante: Podarces é o primeiro grego a morrer nas Pós-Homéricas, assim como Protesilau é o primeiro que perde a vida logo ao pisar em solo troiano. Nesse movimento, Quinto poderia estar querendo sugerir que se trata de um reinício da saga de Troia -- não só uma sequência. Pela importância deste Podarces, podemos ainda pensar se temos aqui o ponto alto da aristeia ("rompante heroico") de Pentesileia. 

Então Pentesileia abateu Mólion, Persino,

Ilisso e Deífico, e também Lerno viril,

Hipalmo, Emônides e o forte Elásipo.

Aguerrida abateu Laógono, e Lida, Menipo,                                                         230

que viera de Fílace seguindo Protesilau

para fazer guerra com os firmes Troianos.

Sua morte abalou o coração de Podarces,

o Ificlíada: era seu amigo mais querido.

E no ato ele golpeou a deífica Lida: tres-                                                              235

-passou seu ventre a lança pesada – pronto fez

correr-lhe o sangue negro e depois, os intestinos.

Por ela Pentesileia se enfurece: e de Podarces

furou com longuíssima lança o músculo grosso

do braço direito, retalhou sanguíneas veias:                                                      240

o sangue negro borbotou da ferida aberta;

gemendo, ele recuou num salto para trás,

muita dor dominava o seu coração.

Sua fuga causou nos Fílaces saudade

indizível. À pouca distância da batalha,                                                                245

morreu logo depois, nos braços dos companheiros.

 

Idomeneu feriu Bramante com a longa lança,

no seio direito. De pronto sua vida se esvai.

Ela cai como um freixo que nos montanhas

os lenhadores cortam, altivo, e que lança                                                             250

doloroso sussurro e fragor ao tombar.

Assim aos prantos cai, e o destino deslassa-lhe

os membros: a alma se une aos ventos soprantes.


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