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Mostrando postagens de abril, 2024

O mar retumbante (Q.S., 1. verso 320)

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 No verso 320, Quinto usa uma imagem interessante: Pentesileia ataca os gregos, e ela é como o mar retumbante perseguindo os navios. Pois bem: a palavra para retumbante é βαρυγδούπος ( barugdoúpos ) e eu jurava que seria um epíteto homérico. Para a minha surpresa, não: o termo é raro, aparecendo primeiro em Píndaro. Há também outra ocorrência num poeta do século V a.C., Íon de Quios.  (Robert traduz em sua edição de Píndaro como "baritonante" -- talvez eu pudesse pegar emprestado, já que o termo é tão raro) É interessante como Quinto consegue dar um sabor homérico para seus versos sem, no entanto, recorrer a Homero. 

Canto I, versos 294-304 - Níobe chora

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Lá os Deuses fizeram de Níobe uma pedra, ainda a derramar seu pranto do alto de um penhasco;                                                  295 choram com ela as águas do ressonante Hermo, choram cimos altíssimos do Sípilo, de onde vil aos pastores sempre se alastra a névoa. Eis um grande prodígio aos mortais viajantes porque é igual mulher aos prantos na lúgubre                                                     300 dor derramando mais de mil lamúrias: e isso dirias ser exato quando a avistas  de longe: mas ao chegares mais perto revela-se a rocha íngreme, o alcantil do Sípilo. Assim nela se cumpre a raiva feroz dos Deuses                                                   305 chora entre as rochas ainda qual aflita mulher. Quinto fala de um guerreiro que nasceu no Monte Sípilo (que fica na atual Turquia). Passando por aí, ele aproveita e relembra, numa breve descrição, o mito de Níobe. Os gregos achavam que uma das rochas do Sípilo parecia uma mulher chorando. A